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Equipe apresenta protótipo de bandeja sustentável
IFTO na Agrotins
A utilização de recipientes descartáveis para acondicionamento de alimentos é bastante frequente em estabelecimentos de alimentação. Com o estreitamento das medidas de segurança em virtude da pandemia de Covid-19 e do crescimento do serviço de entrega de alimentos ocorrido nesse período, as bandejas descartáveis passaram a ser ainda mais utilizadas. Contudo, esse material gerou uma maior quantidade de resíduos, com o agravante de não serem comumente destinados à reciclagem.
Com o objetivo de oferecer uma alternativa sustentável e biodegradável, uma equipe da unidade de Araguaína do Instituto Federal do Tocantins (IFTO) testa a combinação de produtos orgânicos para a confecção de bandejas de acondicionamento de alimentos. Elas são feitas a partir do amido proveniente da fécula da mandioca que é misturado a quente com o pó de fibras do epicarpo do coco babaçu. Os primeiros protótipos foram apresentados no estande do IFTO durante a Feira de Tecnologia Agropecuária do Tocantins, a Agrotins 2022, que aconteceu entre os dias 10 e 14 deste mês.
O projeto é coordenado pelo professor Ricardo Sousa e conta com a participação do professor Samuel Nepomuceno e de estudantes dos cursos técnico em Biotecnologia e tecnológico em Gestão da Produção Industrial, do Campus Araguaína. Os dois professores em conjunto com os estudantes Jefferson Cunha e Larissa Nakano apresentaram os objetivos do projeto e os protótipos da bandeja durante a Agrotins.
Processo de produção
A produção das bandejas é feito de forma manual, conforme o coordenador Ricardo Sousa explica: “extraímos as fibras com moinho de martelos e depois misturamos nas proporções adequadas para cada bandeja. A mistura resultante é colocada em moldes para que seja confeccionada a bandeja". Ricardo destaca, ainda, que o projeto objetiva produzir bandejas que, além de serem biodegradáveis, agreguem valor a um bio-insumo característico da região norte tocantinense, o coco babaçu.
Esse aspecto é ressaltado por Samuel como importante para a economia circular da região. "A gente utiliza para a produção das bandejas insumos que são adquiridos de comunidades extrativistas de coco babaçu, especificamente da região do Bico do Papagaio. Com isso, a gente consegue fomentar e dar visibilidade para essas comunidades", enfatiza o professor. Ele acrescenta que os materiais utilizados na produção das bandejas seriam descartados. "A gente dá um reuso para esse material, utilizando na produção da bandeja".
O projeto conta com a parceria da Cooperativa Multifuncional de Economia Solidária (Coomesol), de Xambioá, e do Senai.
Projeto em fase inicial
Apesar de ainda estar no início, a equipe do projeto já trabalha em melhorias para obter um produto mais resistente e com bom acabamento para ser inserido no mercado. Os professores explicam que ainda não há uma previsão para que isso aconteça, mas a equipe já realiza testes de propriedades e de qualidade do produto a fim de identificar que melhorias precisam ser realizadas. Um dos resultados esperados é patentear o produto final e montar um modelo de negócio com a participação dos estudantes.
E para os estudantes que integram o projeto, esta é uma oportunidade importante para o percurso acadêmico. Jefferson Cunha, estudante do curso técnico em Biotecnologia, afirma que essa tem sido uma experiência enriquecedora. "Principalmente porque o primeiro ano do curso nós não tivemos contato com a prática em laboratório em virtude da pandemia. Integrar um projeto desse, participar de uma feira como a Agrotins, ter experiência de viagem, a gente produzir algo assim que, futuramente, poderá ser patentado é um grande diferencial. Nem todo mundo terá uma oportunidade assim", completou Jefferson.