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Para ajudar a integrar colega com deficiência visual, alunos aprendem golbol em aula de Educação Física

Campus Paraíso do Tocantins

Os colegas pesquisaram informações sobre a modalidade esportiva, e fizeram adaptações na quadra para a prática do esporte
por Lúcia Gomes publicado: 11/11/2016 18h50 última modificação: 17/10/2022 10h04
Colaboradores: Lúcia Gomes

Não é raro ouvir alguém dizer que tomou gosto por determinada prática esportiva nos tempos de colégio durante as aulas de Educação Física. Esportes como futsal, vôlei e handebol fazem parte da rotina escolar de estudantes em todo o país.

Mas você já ouviu alguém falar que aprendeu a jogar golbol na escola? Esse semestre, no Campus Paraíso do Tocantins do Instituto Federal do Tocantins (IFTO), os estudantes da turma do 1º ano do curso de ensino médio integrado em Informática estão tendo essa experiência.

A atividade é coordenada pelo professor de Educação Física, Avelino Pereira Neto. Ele explicou que a ideia surgiu porque a turma possui um aluno com baixa visão que não conseguia participar das atividades da disciplina junto com seus colegas. “O objetivo é fazer com que eles trabalharem em equipe e percebam seus limites”.

A primeira aula prática de golbol aconteceu no ginásio de esportes do campus, na tarde da última sexta-feira,11, mas Neto explicou que antes disso os alunos fizeram uma pesquisa interdisciplinar sobre o tema. “Eles já fizeram apresentações sobre a parte histórica da modalidade, discutiram em sala a importância social desse esporte, também pesquisaram e aprenderam as regras”. Além disso, o professor contou que foram os próprios alunos que providenciaram o material utilizado na prática do golbol, que são as traves, as redes e as bolas adaptadas com guizos em seu interior, para permitir que os atletas saibam que direção ela está indo.

A aula diferente também permitiu aos estudantes se colocarem no lugar de pessoas que vivem com deficiência visual, isso porque durante a partida todos os jogadores foram vendados e ficaram na dependência da orientação dos colegas e do barulho feito pelos guizos.

“No início eu achei bem estranho, mas depois que a gente aprende, vê que é legal também”, confessou o aluno Paulo Horing. Outra que gostou de aprender mais sobre o golbol foi a estudante Sarah Oliveira. “Todo mundo tem que ter a oportunidade de participar das aulas de educação física e essa ideia ajudou a integrar mais a turma”, revelou.

Mas, com certeza, o mais empolgado com a aula foi mesmo Phelipe Mesquita Mota. O aluno, que possui deficiência visual, está matriculado no campus desde o início deste ano e também não conhecia a modalidade. “Eu nem sabia que era possível eu participar tão ativamente de uma aula de educação física. Geralmente eu vinha, mas só ficava sentado esperando acabar. Hoje eu me senti alguém comum mesmo”, disse o aluno, se mostrando bastante animado.

Acessibilidade

Além de Phelipe, o Campus Paraíso do Tocantins possui outros dois alunos, nos níveis médio e superior, com necessidades especiais. Para atendê-los melhor, os servidores da unidade receberam capacitação e os ambientes escolares têm passado por adequações na estrutura física, a fim de facilitar a acessibilidade, permitir a integração com os demais alunos e melhorar a aquisição do conhecimento. Fato que foi elogiado por Phelipe: “aqui eu sinto que eu tenho mais atenção dos professores sem precisar ficar falando muito da minha dificuldade”.

Saiba mais sobre o golbol

O goalball foi desenvolvido exclusivamente para pessoas com deficiência visual. A quadra tem as mesmas dimensões das de vôlei (9m de largura por 18m de comprimento). As partidas são realizadas em dois tempos de 12 minutos, com 3 minutos de intervalo. Cada equipe conta com três jogadores titulares e três reservas. De cada lado da quadra há um gol com 9m de largura e 1,30m de altura. Os atletas são, ao mesmo tempo, arremessadores e defensores. O arremesso deve ser rasteiro ou tocar pelo menos uma vez nas áreas obrigatórias. O objetivo é balançar a rede adversária.

É um esporte baseado nas percepções tátil e auditiva, por isso não pode haver barulho no ginásio durante a partida, exceto no momento entre o gol e o reinício do jogo e nas paradas oficiais (informações do Comitê Paralímpico Brasileiro - CPB)